A investigação em Contabilidade, durante
longos períodos, centrou-se no desenvolvimento de modelos óptimos de apoio à
tomada de decisão com base em pressupostos essenciais, tais como: (i) a
racionalidade dos decisores, que
utilizaram a informação contabilística de forma óptima atendendo a objectivos
como a maximização do lucro ou da riqueza dos accionistas; (ii) o carácter
axiomático desses objectivos organizacionais; e (iii) a unicidade desses
objectivos, isto é, a não existência de objectivos diversos e/ou situações de
conflito (Major & Ribeiro, 2009).
Durante a década de 70 alguns investigadores
começaram a explorar as dimensões organizativas da contabilidade com recurso a
teorias organizacionais. Pela quantidade de estudos e pela sua utilização ainda
na actualidade, a teoria da contingência assumiu e continua assumir particular
importância.
A ideia basilar da teoria da contingência
pode ser expressa da seguinte maneira: “a eficiência da estrutura ou
procedimentos de uma organização depende das circunstâncias específicas desta
organização” (Oliveira, Pereira, & Ribeiro, Teoria, Metodologia e Prática, 2009) e (Islam & Hu, 2012). Nesta linha de
pensamento, e sob uma perspectiva mais objectiva, (Emmanuel, et al, 1990)
citados por (Haldma & Lããts, 2002), afirmam que a
abordagem da contingência em contabilidade baseasse na premissa de que não
existe um sistema contabilístico universalmente apropriado que se aplique
igualmente a todas as organizações em todas as circunstâncias.
Deste modo, a teoria da contingência, sugere
que um sistema de informação contabilística deve ser projetado de forma
flexível, de modo a considerar o meio ambiente e a estrutura organizacional (Daoud & Triki, 2013). Os sistemas de
informação contabilística também precisam ser adaptados às especificidades de
cada organização. Em outras palavras, os sistemas de informações
contabilística, devem ser concebidos dentro de uma estrutura adaptativa,
(Samuel, 2013).
Ainda de acordo com este autor, o primeiro
trabalho sobre o ponto de vista de contingência de sistemas de informação de
contabilidade na literatura é "Um Quadro de Contingência para a concepção
de
Sistemas
de Informação contabilística, " realizado pelos professores (Gordon &
Miller, 1976). Este trabalho estabeleceu a estrutura básica para
a consideração
dos sistemas de informações Contabilísticas numa perspectiva de contingência.
Segundo (Oliveira,
Pereira, & Ribeiro, 2009), a literatura que relaciona
a tecnologia organizacional com os sistemas de contabilidade tem sido das que
mais desenvolvimento tem verificado na investigação da contingência. Os estudos
que se apoiam nesta teoria tentam compreender como os sistemas de contabilidade
são influenciados por diversos factores contingenciais (ambiente, tecnologia,
estratégia e estrutura organizacional).
Para o presente trabalho, temos o interesse
de perceber, sob a perspectiva partilhada pela teoria da contingência acima
exposta, a flexibilidade do Sistema ERP em estudo (Decisor) para captar as especificidades
organizacionais no processamento da informação contabilística com qualidade
A Teoria Institucional na Investigação em
Contabilidade, despoleta-se em três correntes, a saber, a Nova Economia
Institucional (NIE), a Velha Economia Institucional (OIE) e a Nova Sociologia
Institucional (NIS) (Major & Ribeiro, 2009). Entretanto, para o
presente trabalho manifestou-se apropriada a abordagem proposta pela NIS.
Diversos autores outorgam o desenvolvimento
da NIS, à aplicação da teoria dos sistemas abertos ao estudo das organizações, resultando
desta perspectiva um princípio básico desta teoria: o de que as estruturas organizacionais são
resultado de pressões exercidas pelo meio envolvente institucional em que
operam (Major & Ribeiro, 2009). Alguns autores chegam
mesmo a argumentar que nenhuma organização poderá sobreviver e ser bem sucedida
se não acatar e evidenciar perante o meio organizacional em que está inserida,
práticas, estruturas e sistemas que sejam aceites como legítimos.
A teoria institucional foi criticada, em
tempos remotos, como estando na sua adolescência, contudo, presentemente, em
resultados de novos desenvolvimentos teóricos, tem vindo a ser descrita como
uma teoria relevante e extraordinariamente útil na procura de compreensão das
práticas de contabilidade (Major & Ribeiro, 2009). Assim, nos
socorreremos desta teoria para avaliar a legitimidade do Software em estudo no
meio envolvente considerado.
- Por Benjamim Dumba